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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

RIO DOCE RIO

Meus olhos choram lágrimas do Rio Doce,
Meus olhos choram a prematura morte infame,
Meus olhos choram os assassinos impunes,
Meus olhos não mais lágrimas, mas lamas...

Limpa e cristalina nasceu um dia
As águas serenas do Rio Doce,
Em veios lindos vistos de cima,
Trajetória perene rumo ao mar...

O que fizerem de ti meu doce rio,
Corpos inertes, chafurdados em lama,
Por ti não se compadeceram, te espoliaram,
Pois no nascedouro te aniquilaram...

Ah! Meu doce rio, Rio Doce
Que deu vida em abundância
A todos que o reverenciavam
Eram homens, eram peixes,
Eram matas seculares...

A terra chora em estertores,
Os céus alardeiam em trombetas,
Tempo dirá, justiça quiçá, pois dias virão,
Cobrado será de todo homem,
Que maltrata o orbe em vão...

Não há tempo de destruir,
A hora é de reconstruir
Uma nova e saudável civilização,
Mais sensata e compassiva
Que do mundo tem visão...

Não basta sentar e esperar
Dos homens públicos, a justiça,
Se cada um não fizer a sua parte,
Todos terão a mesma desdita...

Se da lama tereis vida,
A vida da lama surgirá,
Renascerá um dia outro rio
Novo Rio Doce nascerá...

Heloisa Helena Silveira, poetisa

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