RIO DOCE RIO
Meus olhos
choram lágrimas do Rio Doce,
Meus olhos
choram a prematura morte infame,
Meus olhos
choram os assassinos impunes,
Meus olhos
não mais lágrimas, mas lamas...
Limpa e
cristalina nasceu um dia
As águas
serenas do Rio Doce,
Em veios lindos
vistos de cima,
Trajetória perene
rumo ao mar...
O que
fizerem de ti meu doce rio,
Corpos
inertes, chafurdados em lama,
Por ti não
se compadeceram, te espoliaram,
Pois no
nascedouro te aniquilaram...
Ah! Meu doce
rio, Rio Doce
Que deu vida
em abundância
A todos que
o reverenciavam
Eram homens,
eram peixes,
Eram matas
seculares...
A terra
chora em estertores,
Os céus
alardeiam em trombetas,
Tempo dirá, justiça
quiçá, pois dias virão,
Cobrado será
de todo homem,
Que maltrata
o orbe em vão...
Não há tempo
de destruir,
A hora é de reconstruir
Uma nova e saudável
civilização,
Mais sensata
e compassiva
Que do mundo
tem visão...
Não basta
sentar e esperar
Dos homens
públicos, a justiça,
Se cada um não
fizer a sua parte,
Todos terão
a mesma desdita...
Se da lama
tereis vida,
A vida da
lama surgirá,
Renascerá um
dia outro rio
Novo Rio
Doce nascerá...
Heloisa
Helena Silveira, poetisa
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