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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

BARRADOS NO BAILE

Assim já dizia o velho caboclo:
“Vancê nem vai querditá,
Esperemo tanto pelo baile
E num dexaro a gente entrá...

Ora, ora, ora,
Num anssim qui se faiz ,
Nos trabaiemo tanto,
Muitas noite sem drumi,
Pidimo inté inspiração,
Pro Santo Antonio, lá de riba,
Alumia nossos pensamento
Pra num dexá nois no relento,
E anssim o trabaio treminá...

Óia, mizifio, num fica triste não,
Nóis aqui, debaxo dessa paioça,
Achemo esse povo uma joça,
Pregano in nóis uma troça,
Só proque somo da roça,
E num sabemo pensá?

Num fica, mizifio iludido,
Esse povo tá muito perdido,
Sem sabê qui rumo tomá,
Quando eles treme é de reiva,
Quando nóis treme é maleita,
Nóis toma remédio e cura,
Eles morre é do próprio veneno,
E desse veneno,
Nóis num queremo  tomá...

Nóis somo humirde,
Im Deus nóis querdita,
Dexa essa arma aflita,
No meu peito aconchegá,
Cada um arresponde pelo fala,
Pensa e faz, mizifio, dexa istá...

A gloria é pra poca gente,
Praqueles qui são decente,
Num é pra bando de demente,
Qui qué ludibriar a gente,
Achano qui nóis é bobo,
Pensano qui nóis é troxa,
E anssim calá a nossa boca,
Num dexano nóis falá...

Mas escuta mizifio,
Um dia a casa cai,
Cai parede, cai o teto,
Cai a língua ferina,
Cai tudo qui nem dilúvio,
Vindo do bendito céu,
E o Pai qui fica brabo,
De vê o fio danado,
Tripudiá o pessoar...;

Fica triste não, mizifio,
O baile tem hora pra acabar,
Quando batê a sineta,
Nóis daqui toquemo a corneta,
E aí sim, mizifio, vancê vai vê,
A Justiça Divina é certa,
E tá muito alerta,
Quando o baile treminá...”


Heloisa Helena Silveira, jornalista/poeta

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